O mapa de fluxo de valor serve para identificar deficiências e oportunidades de melhoria no processo produtivo

‘Value stream mapping’: como identificar ineficiências no armazém

27 mai 2025

O value stream mapping (VSM, na sigla em inglês) ou mapa de fluxo de valor (MFV) é uma técnica para visualizar o processo de fabricação de um produto, desde a receção de matérias-primas até a fabricação, a armazenagem e a entrega ao cliente.

Utilizada sobretudo em fábricas e armazéns, esta ferramenta facilita a análise das diferentes etapas de produção com o objetivo de melhorar processos.

MFV: o que é um mapa de fluxo de valor?

O mapa de fluxo de valor, também conhecido como value stream mapping, é uma ferramenta visual cuja finalidade é identificar deficiências e detetar oportunidades de melhoria no processo produtivo e gestão logística de um produto. Esta ferramenta ficou popularizada na década dos 90 em metodologias como o lean ou o six sigma, que partilham uma mesma meta: eliminar excesso de custos e impulsionar sistemas de fabricação eficientes.

O MFV consiste num diagrama de fluxos que representa as diferentes atividades e etapas pelas quais um produto passo ao longo do processo de fabricação, desde a compra de matéria-prima até à entrega ao cliente final. A ferramenta permite visualizar o movimento de matérias-primas e analisar a eficiência dos processos produtivos.

O mapa de fluxos de valor regista cada uma das atividades e tarefas necessárias para a criação e distribuição de um produto, portanto o responsável de produção pode individualizar os processos que não acrescentam valor para o cliente. O MFV utiliza um sistema de símbolos que reproduz os fluxos de informação, trabalho e movimentos gerados ao longo do supply chain (cadeia de abastecimento).

Para identificar os erros e deficiências na fabricação de um produto, a equipa responsável pode elaborar e comparar diferentes versões do MFV. Por exemplo, um diagrama que emule o fluxo real e outro que reflita as condições futuras ou ideais. Graças a esta comparação é mais fácil visualizar onde existem oportunidades de melhoria e em qual etapa específica do processo produtivo podem ser implementadas.

Benefícios de utilizar a técnica MFV

A elaboração de um mapa de fluxos de valor permite que os encarregados pela supervisão dos processos produtivos, assim como os responsáveis de logística, possam:

  • Ter uma visão integral da produção: o diagrama promove a compilação das informações de todos os processos envolvidos na produção, o que permite que a pessoa responsável esteja bem informada no momento de tomar as decisões.
  • Identificar deficiências, excesso de custos e erros: esta ferramenta de lean manufacturing ajuda a detetar processos que representam um excesso de custos ou que não agregam valor ao produto. A análise é benéfica tanto para o fabricante quanto para o cliente, porque o resultado final traduz-se numa melhoria do produto ou serviço.
  • Promover uma estratégia logística e de produção eficientes: a técnica do mapeamento de fluxo de valor envolve uma análise atual e as condições ideais do processo produtivo. A partir daí é possível definir as ações adequadas para otimizar os fluxos de produção da empresa.

Resumindo, aplicar uma análise de mapa de fluxo de valor num processo produtivo exige implementar técnicas de lean logistics nas linhas de produção, visando determinar ineficiências que permitam eliminar erros e excesso de custos.

Como implementar a técnica MFV: 5 passos a seguir

A técnica MFV exige seguir os seguintes passos para analisar o nível de eficiência do processo produtivo:

  1. Estabelecer o processo a mapear. Antes da análise, é necessário definir e delimitar as etapas que serão submetidas a estudo. Para tal, é fundamental que a empresa defina previamente qual produto ou serviço deseja melhorar.
  2. Identificar o objetivo e o alcance do estudo. Uma vez selecionado o processo a melhorar, é preciso definir o alcance específico do estudo, determinando tanto as etapas atuais quanto as ideais no processo produtivo. Por exemplo, um objetivo poderia ser otimizar o abastecimento de matéria-prima de uma linha de produção. Neste caso, a análise centra-se no desempenho dos equipamentos de trabalho e movimentação envolvidos nesta operação para detetar oportunidades de melhoria.
  3. Determinar as pessoas envolvidas. O mapa de fluxo de valor exige selecionar pessoas especializadas que se envolverão na análise das etapas do processo produtivo. Nesta fase, é importante determinar a função de cada pessoa e estabelecer o seu grau de responsabilidade em função dos seus conhecimentos em cada área.
  4. Executar a análise. A fase de execução é uma das mais complexas, pois o estudo de cada tarefa exige, por sua vez, três análises diferentes do processo produtivo:
    • Como se pensa que é
    • Como é realmente
    • Como deveria ser
    Estas três análises permitem que o responsável obtenha uma comparação entre o processo de produção ideal, como é atualmente e, sobretudo, qual é a perspetiva da empresa acerca das operações de fabricação.
  5. Elaborar o plano de ação. Após fazer as três análises, os participantes devem estabelecer um plano de ação para que o processo produtivo mude da versão 2 (como é realmente) para a versão 3 (como deveria ser). O plano de melhoria deve ser elaborado cumprindo os padrões do mapa de fluxo de valor: as ações devem ser específicas, mensuráveis, alcançáveis, relevantes e temporárias, conhecida em inglês com a sigla SMART.

Mapa de fluxo de valor aplicado à logística

Embora o mapa de fluxo de valor tenha relação direta com o lean manufaturing, esta ferramenta de qualidade também repercute na logística de um produto. Por quê? Durante a análise MFV, são consideradas operações logísticas como o abastecimento de matérias-primas, as condições de armazenagem ou a distribuição de pedidos.

A aplicação desta técnica visual também pode envolver o responsável de logística com o objetivo de identificar erros e etapas que não proporcionem valor acrescentado à medida que o produto passa pelo armazém. O mapa de fluxo de valor permite localizar excesso de custos ou perdas de tempo que podem ser corrigidos com a instalação de sistemas de armazenagem automáticos, a implementação de um software de gestão de armazém ou de um novo método de preparação de pedidos.

As ineficiências logísticas identificadas através de uma análise MFV podem ser corrigidas com a implementação de um sistema de gestão de armazém (WMS)
As ineficiências logísticas identificadas através de uma análise MFV podem ser corrigidas com a implementação de um sistema de gestão de armazém (SGA)

Segundo o estudo Value stream mapping in ordering process, publicado pela Universidade de Belgrado, o MFV é uma ferramenta que pode servir para detetar deficiências e melhorar processos nos armazéns: “É crucial minimizar as etapas que não acrescentam valor ao armazém e melhorar a velocidade e o desempenho. Dado que no armazém convivem muitos mercados diferentes e fluxos de informação, estas melhorias podem ser conseguidas utilizando o MFV”. Aplicar o mapa de fluxo de valor em logística, segundo os pesquisadores, permite melhorar as entregas e otimizar os custos logísticos. “O objetivo é entregar os produtos rapidamente, com uma boa qualidade e a um preço baixo. Um dos métodos mais utilizados para reduzir o prazo e os custos é o MFV”.

Esta ferramenta visual indica onde existem as oportunidades de melhoria e realiza uma análise da condição ideal em relação ao processo do produto. Para aumentar a produtividade, os autores concluem o estudo oferecendo algumas soluções que mitigam as ineficiências no armazém, tais como: “A criação de um espaço livre ou uma nova sala para embalar, a introdução de novas estratégias de localização ou a melhoria do sistema de informação, por exemplo, junto à definição de indicadores-chave de desempenho.”

O mapa de fluxo de valor também é uma técnica aplicada ao setor e-commerce. Na publicação Application of value stream mapping in e-commerce, os académicos da Universidade de San José (Estados Unidos) descrevem como o MFV pode reforçar a eficiência da cadeia de abastecimento de um e-commerce: “As partes e atividades envolvidas, os elos entre si e o fluxo de informação e produtos no processo da cadeia de abastecimento são visualizados através da criação do MFV. O fluxo da cadeia de abastecimento pode ser melhor compreendido em sua globalidade e as possíveis deficiências facilmente identificadas.”

O estudo, publicado na revista académica Sustainability, confirma que a metodologia de mapeamento do fluxo de valor pode contribuir para reduzir custos, assim como para melhorar a eficiência da gestão da cadeia de abastecimento e a satisfação do cliente.

MFV, eliminação do excesso de custos em logística e produção

O mapa de fluxo de valor é uma ferramenta habitual para determinar oportunidades de melhoria nos processos produtivos. No campo da logística e da armazenagem, o MFV pode detetar ineficiências, por exemplo, nos processos de receção, localização de produto ou expedição de mercadoria.

Uma planificação logística eficiente exige uma análise prévia dos fluxos de trabalho tanto no armazém quanto na fábrica visando conseguir a máxima produtividade. Esta ferramenta permite visualizar os erros no processo produtivo que impedem obter a máxima eficiência. Após a realização da análise, a Mecalux possui um vasto catálogo de soluções de intralogística que permitem multiplicar a produtividade de um armazém e eliminar o risco de erros nas operações logísticas. Entre em contato connosco e um consultor especializado aconselhá-lo-á sobre a melhor solução para as suas instalações.