Diferenças de capacidade entre sistemas

No momento de planear um armazém, uma das questões mais importantes é saber o tipo de solução mais adequada para obter o melhor índice de capacidade física. No entanto, essa não é a única característica que interessa, já que, existem outros fatores igualmente essenciais, que determinarão se a instalação é eficaz ou não, como, por exemplo, a agilidade que se consegue no manuseamento das paletes.

Por outro lado, a capacidade física de um armazém, o número máximo de paletes que é possível armazenar ao mesmo tempo, nem sempre é equivalente à sua capacidade efetiva, aquela que pode ser conseguida num ciclo normal de trabalho, de acordo com os máximos e mínimos das referências e o espaço que tenha que ser destinado a cada uma delas.

Portanto, nesse sentido, é primordial o sistema de localização utilizado, uma vez que nem todos têm a mesma eficácia:

  • O sistema de localização específico exige a reserva de um determinado número de espaços para cada referência, excetuando aquelas que podem partilhar localizações com outras. Quando a mercadoria entra no armazém, procede-se a preencher todos os espaços disponíveis, mas conforme as encomendas vão sendo preparadas essas posições ficam vazias e, dado que estão reservadas e não podem ser preenchidas com outras referências, a capacidade efetiva será diferente em relação à física. Mais concretamente, a capacidade efetiva será a do stock mínimo, mais a metade da diferença entre tal stock mínimo e o número de espaços atribuídos a essa referência. A capacidade efetiva desses sistemas de localização específica situa-se entre 55 e 65% da real.
  • Caso se trabalhe com uma localização caótica, o sistema de gestão será o encarregado de atribuir as posições das paletes, que serão introduzidas aleatoriamente em qualquer espaço vazio, e o WMS registará a localização e informará o operário quando for necessário. Nesse caso praticamente não há espaços vazios, por isso a capacidade real e a física será muito semelhante, entre 80 e 92%. 

Caso não se tenha em consideração tais diferenças, a solução escolhida para o armazém pode não ser a correta. Qualquer sistema pode funcionar com os dois tipos de localização mencionados, mas, por exemplo, os sistemas de armazenagem compactos não são flexíveis e pode ocorrer que embora tenham mais capacidade física do que outros sistemas, é possível que a sua capacidade efetiva seja menor.

Exemplos práticos  

Para ilustrar as diferenças que podem surgir nas instalações no momento de utilizar um sistema ou outro de armazenagem, seguidamente mostramos um caso hipotético de um armazém com determinadas medidas e uma unidade de carga específica. Sobre esse caso, há diferentes soluções (configurações e equipamentos de movimentação) e os resultados são especificados ao utilizar uma ou outra.

A capacidade é calculada em função da superfície e definida a partir de um nível de armazenagem, pois a altura é uma variável que depende do próprio edifício e da elevação que o empilhador pode alcançar. Para facilitar a comparação, não se considerou o espaço necessário para as zonas de receção e expedição. A unidade de carga escolhida é uma palete de 1.200 x 800 mm (europalete), o que no sistema de paletização convencional significa que é possível armazenar até três dessas paletes por cada espaço de 2.700 mm de largura.

A capacidade (e, portanto, o índice de ocupação) é especificada por nível, ou seja, por superfície, não por volume total da instalação

Unidade de carga: palete de 1.200 x 800 mm

Unidade de carga: palete de 1.200 x 800 mm.

 

Exemplo 1. Paletização convencional com empilhador contrapesado. 594 paletes por nível

Sistema: paletização convencional

Corredor: 3.500 mm. No mínimo 3.600 mm entre estantes

Movimentação: empilhador elétrico contrapesado

Capacidade obtida: 594 paletes por nível 

 

 

Armazém para uma empresa de distribuição

Armazém para uma empresa de distribuição

Exemplo 2. Paletização convencional com empilhador retrátil. 678 paletes por nível

Sistema: paletização convencional

Movimentação: empilhador retrátil

Corredor: 2.750 mm. No mínimo, 2.850 mm entre estantes

Capacidade obtida: 678 paletes por nível.

 

 

Armazém de um operador logístico

Armazém de um operador logístico

Exemplo 3. Paletização convencional com empilhador tipo torre trilateral ou com transelevador. 840 paletes por nível

Sistema: paletização convencional

Movimentação: empilhador tipo torre trilateral ou transelevador

Corredor: 1.700 mm. No mínimo, 1.800 mm entre estantes

Capacidade obtida: 840 paletes por nível.

Observação: um transelevador pode trabalhar num corredor de 1.500 mm entre cargas, portanto, a largura do espaço disponível do exemplo pode ser de 40.000 mm, em vez de 42.100 mm, para obter o mesmo resultado.

 

 

Armazém trilateral

Armazém trilateral

Armazém automático de bobinas de papel

Armazém automático de bobinas de papel

Exemplo 4. Paletização convencional de profundidade dupla com transelevador. 1.008 paletes por nível

Sistema: paletização convencional de profundidade dupla.

Movimentação: transelevador

Corredor: 1.500 mm. No mínimo, 1.600 mm entre estantes

Capacidade obtida: 1.008 paletes por nível

Observação: Como no exemplo 3, para esta instalação o armazém pode medir 40.000 mm de largura em vez de 42.000 mm.

 

 

Armazém de produtos de grande consumo.

Armazém de produtos de grande consumo

Exemplo 5. Paletização convencional sobre bases móveis. 1.144 paletes por nível

Sistema: paletização convencional sobre bases móveis

Movimentação: empilhadores

Corredor: dois de 3.750 mm cada um.  Neles é possível cruzar dois empilhadores (respeitando as margens adequadas).

Capacidade obtida: 1.144 paletes por nível

 

 

Armazém de carne congelada.

Armazém de carne congelada

Exemplo 6. Paletização compacta. 960 paletes por nível 

Sistema: paletização compacta 

Movimentação: empilhadores

Corredor : 3.500 mm, com capacidade para cruzar dois empilhadores

Capacidade obtida: 960 paletes por nível

 

 

 
Exemplo 7. Push-back de carros. 848 paletes por nível

Sistema: Push-back de carros 

Movimentação: empilhadores

Corredor: 3.500 mm, no mínimo

Capacidade obtida: 848 paletes por nível

 

 

 

Exemplo 8. Push-back de rolos. 893 paletes por nível

Sistema: Push-back de rolos

Movimentação: empilhadores 

Corredor: 3.400 mm, no mínimo

Capacidade obtida: 893 paletes por nível

 

 

 
Exemplo 9. Paletização com Pallet Shuttle. 1.080 paletes por nível 

Sistema: paletização com Pallet Shuttle

Movimentação: empilhadores 

Corredor: 3.500 mm, no mínimo (passagem para dois empilhadores)

Capacidade obtida: 1.080 paletes por nível

 

 

Empresa de móveis em kits

Empresa de móveis em kits

Exemplo 10. Estantes dinâmicas de paletes. 910 paletes por nível 

Sistema: estantes dinâmicas de paletes

Movimentação: empilhadores

Corredor: 3.400 mm no mínimo

Capacidade obtida: 910 paletes por nível

 

 

Empresa fabricante de sumos.

Empresa fabricante de sumos

Tabela resumo comparativa da capacidade física 
Superfície disponível: 1.768 m2

Sistema de armazenagem Paletes por nível Superfície para paletes Índice (proporção do lugar ocupado por paletes)
Armazém convencional com empilhador contrapesado  594  570 m2 32,2 %
Armazém convencional com empilhador retrátil  678  651 m2 39,2 %
Armazém convencional com empilhador torre trilateral ou transelevador  840  806 m2 45,7 %
Armazém convencional de profundidade dupla com transelevador  1.008  968 m2 54,9%
Armazém convencional com bases móveis  1.144  1.098 m2 62,2 %
Armazém compacto com empilhador retrátil  960  922 m2 53,8 %
Push-back de carros  848  814 m2 46,0 %
Push-back  de rolos  893  857 m2 48,0 %
Paletização com Pallet Shuttle  1.080  1.037 m2 58,8 %
Estante dinâmica  910  874 m2

47,6 %

A capacidade por volume não é linear porque há a influência de outros fatores, como a altura útil do armazém e a otimização na altura das paletes. Outro fator determinante é o sistema construtivo, pois nas estantes dinâmicas ocorre uma perda de altura devido à inclinação que o sistema utiliza. Nas instalações de profundidade dupla com transelevador é necessário haver uma maior separação entre níveis, por exemplo, em outros casos é preciso contar com perfis de apoio e uma altura específica no primeiro nível.

A tabela acima é válida apenas com caráter orientativo e refere-se à capacidade física, não a efetiva.

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